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A mostrar mensagens de abril, 2013

Escadinhas do Casal da Manhã

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A manhã casou-se com a tarde E deu à luz o meio-dia Onde o sol está mais alto e mais arde Os pássaros cantam com mais poder As flores olham para cima Está na hora de comer Agora... Para que lado, onde me posso esconder? Toda a gente cá fora e lá dentro a conviver A escolha não é feita Segue-se o nariz Duma escada imperfeita Esconder não acontece Ninguém sabe Ninguém quer saber Toda a gente pode ver À luz do que eu poderia trazer Não há nada a perder Nada a esconder Só eu perco Perco-me nos sons do silêncio Nos passos sem movimento Dum coração sem alento Então chego às Escadinhas do Casal da Manhã Desço-as desta vez Passo pelo Jardim do Até Amanhã E sento-me nos olhos do que tu não vês

Eremita

Já só há um pedacinho de terra Aqui No peito do meu coração Porque a lua que fingi Já não sorri De satisfação O cantar mudo de um pássaro cego Conta-me o sono da constelação Onde construí o meu ego Mas o conto de mulher não me serve E a criança já não brinca Nem absorve E o futuro Que anda por aí perdido Como um furo Num pneu vazio O sentido enlouquece Porque as cores se misturam O negro na terra é branco no espaço A paz na guerra é só um pedaço Do buraco que me atormenta E já não reinventa O mundo não corre fácil Porque as regras foram escritas e descritas E agora somos todos Eremitas