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Sei lá

Se não me consigo livrar Destes sentimentos Porque eles não me matam duma vez Ou transformar-me em pedra Nunca mais sentir ou imaginar Porque o coração parte-se tanto e tanto Que se transforma em pó E se não vale a pena sentir E é inútil eu existir Porque estes sentimentos não me deixam em paz? Então vou ficar com eles Guardá-los numa gaveta e ignorá-los Ignorar-me a mim também Na minha irrelevância Convenhamos Nada pode ter assim tanta importância

Dizer-te olá

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Ficas no meu pensamento o tempo todo Minha inspiração Meu ladrão de concentração como uma corrente que flui e me prende E me faz ir embora Porque o tempo passou e perco a coragem Tento me aproximar Mas é insuportável estar perto de ti E a saudade que me mata quando tenho de me afastar És tão frio que tenho medo de te tocar Como queria poder-te abraçar Mas o tempo passou e já não tenho coragem de nadar Então já só consigo dizer olá ao Mar

Trava Línguas

O tempo perguntou ao tempo, quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem. E eu perguntei ao tempo se o tempo tem tanto tempo quanto tempo tenho eu para esperar que o tempo tenha de levar o que só o tempo pode destruir. Porque o tempo trava-me a lingua e não há tempo que o tempo tenha que me faça recuperar o tempo que eu perdi à espera que o tempo me fizesse parar de pensar em ti.

Porque sonhos.

Eu tenho os sonhos que não me atrevo sonhar E os olhos postos no que não me atrevo a olhar Só queria que os sonhos fossem só sonhos Chegassem de noite e desaparecessem de dia Porque os sonhos que me atormetam acordada São sonhos que não servem para nada Eu tenho sonhos que me deixam tonta E derretem o meu cérebro até me desfazer o pensamento Tenho mais que fazer, mais em que pensar Mas os sonhos me roubam o alento Eu tenho sonhos e só me atrevo a imaginar Mas assim que imagino é impossível de acontecer Só um milagre faria os sonhos deixarem de ser sonhos E sonhos realidade passassem a ser Não quero mais sonhos que não me atrevo a sonhar Já não quero sonhos Não quero sonhar....

Em título

Podes sofrer, aprender, cair e levantar de novo Podes lamber as feridas, reabrir cicatrizes, esquecer as mágoas e resolver conflitos Podes chorar, sorrir perder, ganhar renascer e Evoluir Podes expandir os horizontes, lutar pelo futuro Podes passar por tudo e por todos voltar atrás e fazer de novo Mas algumas coisas nunca mudam.

Não tens saudade?

Não tens saudades? De enterrar as mãos na terra E andar descalça Ser uma princesa que berra Ser livre de não ser falsa E correr sem técnica nem direção Perder a graça Rir que nem uma desalmada Ser heroína aclamada De seguir o seu coração E sofrer segura que a dor É o mesmo que amor E ter aquela força interior De saber o próprio valor Não tens saudades? De cantar para ninguém Cair no chão e levantar E cair outra vez Ser outro alguém E representar Que não é aquela altura do més De descansar a cabeça nos pés Fazer mal o pino e dar cambalhotas Sem preocupar com fés ou contar até dez E seres responsável por como te comportas Não tens saudade De ter saudade e ser saudade?

Postal antes do tempo...

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Envia-me um postal do inferno Um inverno antigo me corre nas veias Um milhão de tareias e um sinal de perigo O abrigo escasseia nesta tempestade Que destrói sem se manifestar Que afoga sem afogar Que ama sem amar E só sobra o mar E uma realidade