O que o vento traz

O vento traz caos
e estrondos na escuridão
Traz liberdade e prisão
Gela e derrete o meu coração

O desejo de ser rocha
Combate o desejo de ser rio
E o beijo de uma tocha
é um beijo frio

Não quero ter vergonha
Não quero ter medo
Não quero estar tristonha
Só porque não tenho enredo

Queria abrir a boca
Reagir a essa gente
Mas pensam que sou louca
E eu sinto-me indecente

Não me quero esconder
Não quero que se vão embora
Calo-me para não vos perder
Mas a minha companhia já cá não mora

Não devia ser timída assim
Passo os meus dias sozinha afinal
Mas eu gosto dessa gente e de mim
é melhor não esperar companhia normal

Então desfaço-me em lágrimas
nas minhas noites solitárias
De dia engano-me, está tudo bem
Porque as distracções são várias

Então não sou rocha nem rio
Rio-me de mim porque sou ridícula
Então não tenho calor nem frio
Só chove em mim porque sou ridícula

Então o vento traz um silêncio
Tão alto que não consigo aguentar
O vento deixa um caos imenso
E deixa-me aqui a sufocar

Comentários

Mensagens populares deste blogue

(En)Gata

Doeu para o mundo

The lightbulb