Entre o sofá e a almofada


Procura-me
para lá da noção do tempo
Onde a estrada acaba
E a ironia começa

Procura-me
para lá da direcção da razão
Onde a luz é vaga
E a segurança tropeça

Procura como dar vazão
Às cores de não fogem
E torturam a alma

Procura o vagão
Que te atirou para o lado
Largou a mão e rasgou a palma

Agarra-te
Aqui e agora
Sem pressa e sem demora
De ficar

Eu não fico
Vou-me perder
E descobrir o que está para lá da imaginação
Cada rosto, cada gesto, cada corpo e cada sensação

Procura e nada encontrarás
Talvez vestígios de consciências passadas
Larga e te perderás
No olhar de bestas iluminadas



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