A janela permanece fechada


O céu está tão limpo
Porque tenho de fechar a janela?
Porque não posso ficar ao relento
Viver meu sentimento

E tenho de continuar presa
Fechada
Não há beleza
Nem que a gaiola seja dourada

Se calhar está frio
Como a correria de um rio
Mas sonho com vida
Com liberdade
Como será viver de verdade

A Lua costumava-me olhar
Essa que eu costumava admirar
Já não é prestada atenção
Chego-me a esquecer da intenção

Nunca pedi um desejo
A esses minúsculos seres brilhantes
E agora vejo
Que nunca me lembrei disso antes

Gostava de andar por aí
Correr contra o vento
Vaguear
Como se o mundo fosse lento

Gostava de voar
Tocar o ar
Não quero mais sentir o chão
Nem o peso da minha mão

Gostava de sentir
A chuva na cara
Não ter de fugir
Do que alguma vez amara

Gostava de conhecer
Todas as cores do mundo
Saber nadar
E deixar-me ir ao fundo

Gostava de tocar
Em cada grão desta terra
Visitar todas as montanhas
Cada serra

Gostava que a neve
Estivesse ao meu alcance
Que o vento me leve
Ao que ainda só vi de relance

Como seria estar
No meio do mar
Como seria perder
Quando todos te dizem para vencer?

Como seria viver
Lá fora, ser libertada
Como eu queria saber

Mas a janela permanece fechada
(poema de 2007)

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